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Foto do escritorDircélio Timóteo

Antártica está 'ficando verde' em ritmo acelerado, alertam cientistas

Paisagem verde vibrante em Green Island, uma região localizada nas Ilhas Berthelot da Península Antártica. — Foto: Green Island. Credit Matt Amesbury



Dados inéditos de satélites da NASA indicam que a Antártida está ficando mais verde, especialmente na Península Antártica, onde a vegetação cresceu significativamente nas últimas décadas. Entre 1986 e 2021, a cobertura vegetal aumentou de 0,863 km² para 11,947 km², refletindo um processo que está longe de ser positivo.


O que aconteceu?


Pesquisa contou com a participação de instituições renomadas e utilizou imagens de satélite captadas ao longo de 35 anos. A pesquisa, conduzida por uma equipe internacional de cientistas liderada por Thomas P. Roland, da Universidade de Exeter, e Oliver T. Bartlett, da Universidade de Hertfordshire, foi publicada na revista Nature Geoscience. O estudo contou com a colaboração de especialistas do British Antarctic Survey e de outras instituições acadêmicas renomadas, utilizando imagens de satélite coletadas ao longo de 35 anos para analisar mudanças na vegetação da Península Antártica.


A aceleração do processo é evidente nos últimos anos. De 2016 a 2021, a taxa de expansão da vegetação alcançou 0,424 km² por ano, superando a média histórica de 0,317 km² anuais. O estudo identificou uma tendência inequívoca de "reverdecimento", com o maior aumento registrado em áreas musgosas da costa oeste da península.


Por que isso é um problema


Impactos sobre ecossistemas nativos e biodiversidade. A expansão da vegetação na Península Antártica representa uma mudança "sem precedentes" em um dos ecossistemas mais isolados do planeta. "Isso ameaça reorganizar espécies e comunidades locais de forma irreversível", destacaram os pesquisadores. Essa transformação ameaça a sobrevivência de espécies endêmicas adaptadas a condições extremas, agora em competição com espécies invasoras trazidas pelo turismo e por pesquisas científicas.


Alteração das interações ecológicas. Musgos dominam a cobertura vegetal na região, e sua expansão acelera a formação de solos, criando novas condições para plantas vasculares, algumas delas potencialmente invasoras, explica o estudo. Além disso, mudanças no ciclo de nutrientes e nas interações tróficas podem desestabilizar o equilíbrio natural.


O aumento da vegetação na Antártida reduz a albedo — a capacidade da superfície de refletir a radiação solar —, o que contribui para o aquecimento local. "Essas mudanças são uma manifestação clara de retroalimentação climática, onde o aquecimento gera condições que intensificam ainda mais o problema", alertaram os cientistas.


Facilidade para novas invasões. "A maior conectividade entre áreas livres de gelo aumenta o risco de invasão por espécies não nativas, aumentando as pressões sobre a biodiversidade local", apontaram os autores. A introdução de plantas e microrganismos não nativos ameaça a estabilidade ecológica da região.


Musgos dominam a cobertura vegetal na região, e sua expansão acelera a formação de solos, criando novas condições para plantas vasculares, algumas delas potencialmente invasoras.

O que esperar do futuro


Os pesquisadores alertam que, caso as temperaturas continuem a subir no ritmo atual, a Península Antártica poderá sofrer mudanças irreversíveis. Projeções sugerem que até o final do século, áreas atualmente cobertas por gelo poderão triplicar em extensão, intensificando os desafios de conservação.


A transformação verde da Antártida, apesar de parecer positiva em um primeiro olhar, representa um alerta crítico. É uma manifestação visível das alterações climáticas e de sua capacidade de remodelar ecossistemas globais. "Os resultados indicam que o 'reverdecimento' da Península Antártica não é apenas uma curiosidade científica, mas um sintoma claro de mudanças climáticas profundas que requerem monitoramento contínuo e ações globais urgentes", concluíram os pesquisadores.


Contrapartida da sociedade. Como destacou o estudo, essas mudanças exigem ações coordenadas não apenas para frear as emissões de carbono, mas também para reforçar a biossegurança na Antártida e evitar danos irreparáveis à sua biodiversidade e às funções ecológicas do planeta.


Fonte: UOL

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