Macho da espécie Junonia evarete possui cor azulada nas asas para chamar atenção da fêmea.
A borboleta que lembra a imagem de Nossa Senhora recebe o nome popular de olho-de-pavão-diurno — Foto: Foto: Mayara Cristina / Arte: Edison Garcia/EPTV - Reprodução G1
Era uma tarde comum na vida da auxiliar administrativa Mayara Cristina, que aproveitava o horário de almoço para caminhar pelas ruas de Umuarama, no Paraná. Sempre com os olhares atentos e a postos para descobrir novas espécies, ela pôde notar e flagrar a presença de várias borboletas entre as flores de um canteiro de uma das esquinas da cidade. Dentre elas, uma em especial chamou a atenção.
“Parei para fotografá-las e, quando uma delas voou, vi a espécie no chão que tinha conhecido através da internet, por vários compartilhamentos, devido sua imagem lembrar Nossa Senhora Aparecida. Confesso que fiquei emocionada ao encontrá-la, pois lembrei das minhas avós que tanto me ensinaram a orar antes de dormir e adorar Nossa Senhora. Pra mim, um sinal de que Ela sempre está comigo”, conta.
A Junonia evarete faz parte de um grupo de espécies muito parecidas que inclui também as Junonia Genoveva, além de muitas outras. São borboletas muito similares e de difícil identificação. — Foto: Norton Santos/Arquivo Pessoal
A borboleta encontrada pela Mayara é uma Junonia evarete. A espécie tem uma ampla distribuição, ocorrendo desde a América do Norte até a América do Sul. É facilmente vista em cidades, mas também habitam planícies tropicais, manguezais e florestas.
A bióloga Aline Vieira, que faz mestrado em ecologia na Unicamp, com foco nas borboletas, explica que esses insetos chegam a medir até seis centímetros de envergadura, sendo os machos menores e mais coloridos.
“A borboleta da foto da Mayara é um macho. Eles são menores e em geral possuem uma coloração azul bastante marcada na região dorsal das asas posteriores. Já nas fêmeas, esse azul é muito pálido ou ausente. O azul presente nos machos é muito importante para chamar atenção das fêmeas, já que elas escolhem o parceiro para se reproduzir com base na intensidade dessa cor”.
Quando ocorre a fecundação as fêmeas depositam os ovos na face ventral das folhas de plantas que servirão de alimento para as futuras lagartas. Já os adultos preferem o néctar das flores.
As fêmeas da Junonia evarete possuem o tom azulado nas asas de forma discreta ou até ausente. — Foto: Gustavo Accacio/Arquivo Pessoal
Olho-de-pavão-diurno
A borboleta que lembra a imagem de Nossa Senhora recebe o nome popular de olho-de-pavão-diurno muito provavelmente por conta da presença de ocelos (círculos de coloração preta e amarela) nas asas.
“É uma tradução literal do nome em inglês. Evidências indicam que esses ocelos possivelmente têm função de desviar o ataque de predadores, como aves, para uma parte não vital da borboleta, já que estão localizados na borda das asas. Sendo assim, uma borboleta que é atacada por uma ave na região dos ocelos ainda tem chances de escapar com vida, mesmo que perca um pedaço da asa”, finaliza a pesquisadora.
Fonte: G1 - EPTV | Campinas e região
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