Todo ser humano possui uma história, cada biografia é única e possui detalhes que apenas quem viveu conhece. Cada ser humano possui a sua memória, os seus desejos, sonhos e lutas.
Hoje, Júlio César Sasassaki, de 37 anos, fala para nossa reportagem de alguns momentos vividos há quase 30 anos atrás, uma história de lágrimas, dores e superação. O tempo não apagou de sua memória, mas alimenta sua fé e dá a certeza que é possível mudar o cenário, basta acreditar, querer e tentar.
Natural de Morro Agudo, Região Metropolitana de Ribeirão Preto, mudou-se com sua família e com um padrasto para a comunidade Ilha Bela, na Vila Real, em Várzea Paulista. Sua história se mistura com a de outras famílias que vem de longe em busca de oportunidade e escapar do aluguel. Porém este dia não chegou.
Longe de casa e de seus amigos, Júlio dividiu um barraco de madeira de dois cômodos e aproximadamente 25 m² com mais 4 irmãos, sem nenhuma infraestrutura e nenhum conforto e também nenhuma referência adulta para protegê-lo. Sua mãe se entregou no vício da bebida, e no álcool tentava amenizar suas dores, porém a tornava cega para os acontecimentos e não conseguia evitar que Júlio fosse espancado pelo padrasto, quase que diariamente, fator que o fez fugir de sua casa com apenas 9 anos de idade, indo morar nas ruas, vivendo com restos de comidas catadas em lixo ou de doações de pessoas solidárias.
Longe da escola, as aulas não mais ofereciam o seguro necessário e nem o único alimento do dia - a merenda!
Júlio comenta que muitas vezes ele dava um jeito de levar para casa para alimentar seus irmãos.
“ As poucas vezes que me senti seguro foi na escola, lá tinha espaço para brincar, amigos para jogar bola e uma professora que fez a diferença em minha vida."
Júlio lembra que a professora o encontrou encolhido embaixo de um viaduto em Jundiaí. Ele relata que naquele dia estava com muito frio e com fome – já faziam três dias que não comia nada. Quando um Passat verde encostou, ele não teve dúvida, era a professora Ângela Maria.
"Ângela Maria, era um anjo na Terra, além de me ajudar com roupas, também já comprou pra mim o material escolar, estava com vergonha de não ter o mínimo para estudar. Na época o governo não dava este benefício", comentou Júlio
Dali para frente uma nova história estava sendo escrita na vida dele.
Maria Ângela levou Júlio para o McDonald's, onde esteve pela primeira vez . Em seguida para sua casa, cuidando e tratando dele como um de seus filhos.
Juridicamente ela não conseguiu mantê-lo aos seus cuidados, mas o tempo que passou com ela, lhe deu base para enfrentar os novos problemas que ainda viriam.
Afastado de seu anjo da guarda, o menino perdeu contato, e hoje, proprietário de um negócio próprio, ele tenta reencontrá-la para ao menos lhe dar um abraço, e agradecer o gesto de solidariedade e mostrar como ela fez diferença em sua vida.
“Não foi somente comida, água e roupas , ela me deu esperança e um novo significado na vida” – disse .
A informações que Júlio César tem é que ela era professora na E.E Monsenhor Venerando Nalini, em Ivoturucaia, na época andava sempre com a professora Maria Sueli e que tinha cabelos curtos.
Informações sobre o paradeiro da professora poderá ser passado para ele através do número (11) 9.6403-1012
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