Mais de 90 mil mudas altas são plantadas em áreas de reflorestamento na Zona da Mata
Plantio de mudas altas em áreas de reflorestamento favorece aumento da biodiversidade na Zona da Mata mineira — Foto: CBA/Divulgação
Além de preservar as florestas que já existem, o reflorestamento de algumas áreas é uma medida de ajudar o meio ambiente. Na Zona da Mata, uma técnica inédita e inovadora de restauração florestal foi desenvolvida pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e com viveiristas da região de Dona Euzébia.
Estão sendo plantadas mudas altas de espécies nativas da Mata Atlântica nas áreas de reflorestamento da CBA, com o objetivo de acelerar o restabelecimento da flora.
“Trabalhamos para validar essa iniciativa do nosso time de restauração com os cientistas da UFV, contribuindo para a melhoria da biodiversidade na região. Mais uma tecnologia aberta desenvolvida dentro do ambiente da mineração de bauxita que é referência em sustentabilidade, aprimorando nosso jeito de restaurar as florestas”, destacou o gerente das unidades da CBA na Zona da Mata Mineira, Christian Fonseca de Andrade. Desafio A técnica foi desenvolvida a partir de um dos principais desafios encontrados na restauração florestal: a competição entre mudas de nativas e gramíneas. "As nativas sofrem com a competição das espécies invasoras agressivas, como a braquiária, o que resulta, geralmente, em elevadas taxas de mortalidade das mudas plantadas", explicou a companhia. Para evitar tal situação, mudas mais altas – com altura média de 2,5 metros, cinco vezes maior do que o padrão (cerca de 50 cm) – estão sendo plantadas nas áreas de reflorestamento. Benefícios
Mais de 90 mil mudas já foram plantadas na Zona da Mata mineira — Foto: CBA/Divulgação
Com o plantio de mudas altas, ocorre o sombreamento mais rápido das gramíneas exóticas, o que contribui para o enfraquecimento e, até mesmo, a erradicação dessas espécies, que prejudicam o desenvolvimento das mudas pequenas.
Além disso, reduz o número de adubações, coroamentos e replantios, em função do escape das mudas da competição com as espécies agressivas.
Outra vantagem é a tendência a reduzir a competição entre mudas de nativas e de espécies exóticas.
De acordo com o professor da UFV, Sebastião Venâncio Martins, o uso de mudas altas, apesar de ser comumente mais aplicada em projetos de arborização urbana, é uma técnica inovadora na restauração florestal.
"A ideia surgiu após constatarmos que a competição por acesso à água, luz e nutrientes com as gramíneas agressivas, como a braquiária e o capim-gordura, resulta em uma alta mortalidade das mudas pequenas. Já as mudas mais altas desenvolvem rapidamente o seu sistema de raízes, que ocupam uma área grande e profunda do solo, absorvendo água e nutrientes de forma mais eficiente para a sua sobrevivência e o seu pleno desenvolvimento”, explicou.
Eficácia e resultados
Até o momento, foram plantadas mais de 90 mil mudas altas nas áreas de restauração florestal. Para avaliar os resultados, a 1ª análise do projeto foi realizada em 2021 pela CBA e pelo Laboratório de Restauração Florestal da UFV (LARF/UFV), que revelou um ótimo desenvolvimento das raízes, permitindo rápida exploração do solo ao redor da cova de plantio.
As raízes das mudas altas analisadas, com idades entre 7 e 19 meses, apresentaram desenvolvimento de 65 cm de comprimento em algumas espécies, sem restrição de crescimento.
As análises apontam, ainda, que o bom desenvolvimento do sistema radicular confere às mudas altas maior capacidade de aproveitamento dos nutrientes da adubação e para suportar períodos de estiagem, se comparadas às mudas menores.
Assim, os resultados da técnica de plantio com mudas altas também indicam a redução do tempo do processo de restauração florestal.
“As mudas altas também funcionam como poleiros para a avifauna, contribuindo para a chegada de sementes trazidas pelos pássaros e, consequentemente, para a manutenção e o aumento da biodiversidade na área em restauração. Essas vantagens ocorrem uma vez que, em diversas espécies, as mudas altas são precoces no florescimento e frutificação, atraindo a fauna desde os primeiros meses do plantio, a exemplo da aroeirinha e da crindiúva, e acelerando o processo de restauração”, complementou o professor.
Plantio de mudas altas na Zona da Mata mineira — Foto: CBA/Divulgação
Monitoramento
A implantação das mudas altas contempla não apenas o plantio, mas todo o período de manutenção e monitoramento das áreas, até que estejam satisfatoriamente desenvolvidas e em equilíbrio ecossistêmico.
Os plantios e experimentos sobre mudas altas são constantemente monitorados por uma equipe especializada em monitoramento ambiental e alguns bioindicadores são acompanhados por pesquisadores do Laboratório de Restauração Florestal da UFV.
Fonte: G-1
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