Nestas duas décadas de existência do termo “sustentabilidade” – quase o mesmo tempo em que venho estudando sobre o tema – tenho encontrado uma série de confusões acerca de seu conceito e, infelizmente, de sua ampla divulgação, que mais aprofunda a incoerência e despreparo dos profissionais do mercado em desenvolver práticas corporativas adequadas.
Quando vejo nos meios de comunicação de massa ou dirigida que uma determinada empresa, por exemplo, está reciclando o lixo produzido e acumulado proveniente de suas operações e que esta ação é “sustentável”, automaticamente me vem a frase: “este ainda não entendeu ou não se informou corretamente sobre o conceito”.
Uma das fontes desta confusão vem da própria origem do adjetivo “sustentável”: a definição, legitimação e divulgação do conceito sobre Desenvolvimento Sustentável (DS).
O conceito de DS foi cunhado pela primeira vez em 1980 pela World Conservation Union, organização internacional dedicada à conservação dos recursos naturais, fundada em 1948, com sede na cidade de Gland, Suíça. O termo foi melhorado no Relatório Brundtland na World Commission on Environment and Development (Comissão Internacional do Meio Ambiente e Desenvolvimento) em 1987 e legitimado na ocasião da Eco 92, no Rio de Janeiro, trazendo uma das definições mais conhecidas: “o desenvolvimento sustentável é o que atende às necessidades das gerações presentes sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem às suas próprias necessidades”.
Daí a confusão foi estabelecida, pois muitos entenderam que tudo se baseava em meio ambiente. Mas, aquilo em que muitos não se ativeram foi que, na própria Eco 92, chegou-se à conclusão que a busca pelo Desenvolvimento Sustentável implicava em ampliar a discussão sobre o futuro do homem no planeta.
De nada adiantaria salvar a Terra e continuarmos com os grandes problemas sociais e econômicos que permeiam a convivência humana, tais como pobreza, violência doméstica, dominação das grandes potências em detrimento das especificidades dos países emergentes, a condição da mulher no ambiente de trabalho, mortalidade infantil, acirramento das DST's – Doenças Sexualmente Transmissíveis, gravidez na adolescência, homofobia, racismo, exclusão digital e muitos outros pontos desafiadores que necessitam de um acordo tácito entre os governos, empresas, organizações sem fins lucrativos e a sociedade civil para a sua devida solução.
Se quisermos falar de Sustentabilidade, devemos ter em mente que estamos falando dos três pilares básicos que o sustentam: o ambiental, o social e o econômico.
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