PANTANAL Além da Gaia, a Ong Mata Ciliar tem mais 10 onças-pintadas, todas foram resgatadas
Onça Gaia chegou há dois anos na Ong Mata Ciliar, em parceria com o Ibama, e acabou se tornando estrela da novela Pantanal com as constantes cenas com o animal Crédito: DANIEL TEGON POLLI
dúvidas, a onça-pintada Gaia, da novela 'Pantanal'. Na trama das 21h, Maria Marruá, interpretada por Juliana Paes, se transforma em onça, mas no sábado (20), em um conflito com o personagem Tenório (Murilo Benício), a onça-pintada foi baleada pelo vilão. Nessa cena, a atriz foi Gaia, que vive há dois anos na Ong Mata Ciliar, em Jundiaí, depois de ser resgatada.
Segundo a veterinária da Mata Ciliar, Karine de Fátima Ferreira, o resgate foi na Amazônia. "Ela chegou ainda filhote em meados de 2020 depois de um contato do Ibama. Além dela, temos outras 10 onças-pintadas, sendo nove adultos e dois filhotes. Quando acham filhote na natureza, geralmente a mãe já morreu, provavelmente vítima de caça."
Mesmo que na novela Maria Marruá seja descrita como uma onça enorme, Gaia ainda é uma 'filhotona' em desenvolvimento, mas aí entra a mágica da teledramaturgia. "A equipe da Globo entrou em contato e a gente já ia anestesiá-la para exames. Costumamos fazer esses procedimentos e coleta de amostras a cada um ou no máximo dois anos. Como tinham entrado em contato, avisamos que ela seria sedada para os exames. Quando ela foi anestesiada para avaliação veterinária aproveitaram para gravar a cena aqui, mas em outro recinto", lembra Karine.
ATUAÇÃO
Esse foi o primeiro trabalho da onça na televisão, mas a rotina da artista tem algumas exigências. "A Gaia recebe em torno de 2kg de alimentação diária com vários tipos de carne. Tentamos sempre variar as carnes para estimulá-las, como esconder a carne para ela ter alguma atividade. Na natureza, as onças comem uma grande quantidade de uma vez e depois ficam vários dias sem comer. Aqui, como a alimentação é diária, nós oferecemos uma quantidade menor proporcionalmente ao que ela comeria."
Embora tenha ficado famosa, a onça não é um animal doméstico e não pode ser tratado como tal, como explica a veterinária. "Sempre tentamos estimular o mínimo de contato humano. Queremos que as onças expressem o comportamento natural da espécie. Tem gente que chega perto, mas depois quem sofre sempre vai ser o bicho. Por mais que os nossos animais tenham a associação de sermos quem oferece alimento, nós nunca entramos no recinto com eles soltos, tanto para mantê-los mais afastados quanto por segurança."
Karine diz que, ao contrário do que acontece na novela, em que a onça era retratada como uma guardiã e ataca humanos, na natureza, o instinto é de se afastar. "Os animais silvestres só vão atacar se se sentirem ameaçados, ou por extrema falta de alimento. Se você encurralar, ele te ataca. A onça-parda a gente brinca que é um gatinho, mas a onça-pintada geralmente vem até as pessoas para atacar."
Para Gaia, o retorno à natureza não é descartado, mas é difícil. "É mais fácil reabilitar um animal que chegou adulto, depois de um atropelamento, por exemplo, porque ele já teve a vivência na natureza e entende o ser humano como ameaça. Os que chegam filhotes, é mais difícil. Se a gente soltar a Gaia, a chance dela vir de encontro com um ser humano é gigantesca", explica Karine.
Fonte: Jornal de Jundiaí
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