Colaboração: Conexão Planeta | Suzane Camargo
Há anos o clima do planeta dá alertas de que se nada for feito – agora e não no futuro -, os seres humanos sofrerão com gravíssimas consequências de seu completo descaso perante a crescente degradação dos recursos naturais e o aumento a níveis inaceitáveis da emissão de carbono na atmosfera. Muitos desses sinais já podem ser vistos claramente na natureza. Em 2019, eu tinha escrito aqui sobre salmões que estavam morrendo no Alaska por causa da alta temperatura da água. Agora, algo similar está acontecendo na Califórnia.
Devido ao baixíssimo nível dos rios no estado americano e às altas temperaturas, os salmões estão enfrentando dificuldade em chegar até o oceano. Os impactos são maiores sobre os peixes mais jovens, da espécie Chinook.
Para que eles consigam sobreviver, uma frota de caminhões-tanque carregando cerca de 17 milhões de salmões irá dar uma ajudinha: levá-los até o mar.
Esta não é a primeira vez que isso acontece. Mas segundo autoridades locais, este ano a seca dos rios começou mais cedo.
“Estamos utilizando as lições aprendidas nos últimos 15 ou mais anos de soltura de salmão e na última seca para maximizar o sucesso da soltura. Transportar os salmões jovens para locais de liberação provou ser uma das melhores maneiras de aumentar a sobrevivência no oceano durante condições secas”, diz Jason Julienne, do Departamento de Pesca e Vida Selvagem da Califórnia.
De acordo com o órgão, a enorme operação transportará mais de 16,8 milhões de salmões jovens de quatro incubatórios do Vale Central da Califórnia para locais ao redor das baías de San Pablo e São Francisco, bem como nas baías de Half Moon e Monterey.
Dados do Departamento de Pesca e Vida Selvagem revelam que o salmão capturado comercialmente e por recreação no mar gera mais de US$ 900 milhões para a economia local.
O temor é que com a chegada em breve do verão, em 2021 se repita o mesmo cenário dos últimos anos na Califórnia. No ano passado, os incêndios no estado por causa da seca foram devastadores. Mais de 1 milhão de hectares ficaram destruídos e foi registrada a temperatura recorde de 49°C graus.
Um estudo com dados do Federal Emergency Management Agency (FEMA), agência federal que administra desastres naturais nos Estados Unidos, indica que a extensão dos incêndios mais que triplicou entre 1970 e 2010.
Dos 20 incêndios mais devastadores que a Califórnia já enfrentou em sua história, 17 ocorreram desde 2003. E as previsões de especialistas apontam que, até 2050, a duração da estação do fogo deve ganhar 24 dias a mais.
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