DIA MUNDIAL DA ÁGUA O rio está na Classe 3, que significa presença de peixes, aves e pequenos mamíferos, além de permissão de uso humano após tratamento
O Dia Mundial da Água é comemorado na região com a satisfação de ter o Rio Jundiaí inserido na Classe 3 dos níveis de classificação dos rios. Essa classificação reúne uma série de definições com base na aptidão natural dos cursos d'água, observando a sua qualidade, capacidade, entre outras características específicas.
O diretor de Mananciais da DAE Jundiaí e mestre em Ciências Biológicas pela USP, Martim Ribeiro, explica o que significa estar na Classe 3. "Quando um rio passa da classe 4 (quase morto) para a 3, a qualidade da água melhora muito. A fauna começa a retornar, começamos a notar o aparecimento de peixes, aves e pequenos mamíferos, como capivaras. Além disso, a água passa a ser apropriada para consumo humano, após um tratamento mais simplificado", relata.
Martim afirma que para alcançar uma Classe 2, seria necessário um trabalho árduo entre todos os municípios por onde o Rio Jundiaí passa. "Todas as cidades precisariam de uma estação de tratamento de esgoto eficiente. Dentro os vários parâmetros analisados para classificar um rio, está o esgoto despejado. Para alcançar uma Classe 2, os níveis de fósforo e nitrogênio presentes no esgoto despejado precisariam diminuir consideravelmente", explica.
QUALIDADE COMPROVADA
De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), o trecho do Rio Jundiaí, cuja classe de qualidade foi reenquadrada, continua apresentando nível de qualidade compatível com a Classe 3 para os parâmetros oxigênio dissolvido e matéria orgânica, de acordo com os padrões estabelecidos pela Resolução Conoma 357/2005.
Com relação aos nutrientes (nitrogênio e fósforo total) foram observadas oscilações nas concentrações, com atendimento integral para o nitrogênio amoniacal, em termos médios, e não conformidade para o fósforo total. O E.coli, por exemplo, apresentou não conformidade, porém observada melhora em alguns pontos, em relação à média do período de 2011-2017. Tais não conformidades foram influenciadas pela baixa disponibilidade hídrica na bacia hidrográfica do Rio Jundiaí, com vazões inferiores às médias da série histórica.
A Cetesb ressalta que neste momento, deve-se priorizar as ações de controle e fiscalização ambiental no sentido de manter os níveis de qualidade da água na Classe 3. O reenquadramento do Rio Jundiaí da Classe 4 para a Classe 3 representou um avanço significativo na gestão de recursos hídricos nas Bacias PCJ.
TRABALHOS
Em 1984 uma equipe técnica da DAE participou da criação do Comitê de Estudos e Recuperação do Rio Jundiaí (Cerju). Este comitê ajudou no trabalho de reclassificação.
A empresa colaborou, ao longo dos anos, com investimentos focados na construção de redes de esgoto e estações de tratamento. O Comitê de Estudos e Recuperação do Rio Jundiaí se tratava de uma parceria tripartite entre o governo do Estado (representado pela Cetesb), Prefeitura de Jundiaí (representada pela DAE) e as indústrias (representadas pelo Ciesp), com o objetivo de despoluir completamente a bacia do rio Jundiaí, um dos afluentes do rio Tietê em Salto.
Em 1996, a empresa fez a concessão deste serviço à iniciativa privada. Com isso, a Companhia Saneamento de Jundiaí (CSJ) implantou e, desde então, passou a operar a Estação de Tratamento de Esgoto Jundiaí (ETEJ). Ali, 100% do esgoto coletado na cidade passa por tratamento e volta limpo à natureza. Anos mais tarde, duas outras estações foram construídas em Jundiaí: São José e Fernandes.
HISTÓRIA
O Rio Jundiaí tem seu nome originado do tupi-guarani ("yundiá", que significa "rio dos bagres" - "Jundia" = bagre e "Y" = rio). O peixe jundiá é uma espécie de bagre. O rio tem 123 km de extensão - 28 dentro da cidade de Jundiaí - e sua bacia possui uma área de 1.114 km2. O Jundiaí nasce em Mairiporã, passando por Campo Limpo Paulista, Várzea Paulista, Jundiaí, Itupeva, Indaiatuba e Salto, desaguando no rio Tietê, nesta última.
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