SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Entidades de bares, restaurantes, shoppings, supermercados e escolas particulares paulistas afirmam que vão seguir a medida anunciada pelo governador João Doria (PSDB), nesta quinta-feira (17), de flexibilizar o uso de máscaras em ambientes fechados no estado de São Paulo. A Igreja Católica, entretanto, ainda deve recomendar o uso do item.
Hospitais, serviços de saúde, transporte público e locais de acesso, como estações de metrô e trem e terminais de ônibus, porém, são exceções. Nesses locais, a proteção contra Covid permanece obrigatória no estado (entenda as regras).
Como o governo paulista já havia flexibilizado o uso de máscara em ambientes abertos, era comum que pessoas entrassem em bares e restaurantes sem o item.
Joaquim Saraiva, presidente da Abrasel-SP (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), diz que o setor já havia notado entre clientes a tendência de não utilizar mais a máscara.
“Alguns comentavam que não viam mais sentido de não usar máscara em ambiente aberto e colocar quando entravam num ambiente fechado. Eles entravam no ambiente fechado, descuidavam-se e ficavam sem”, afirma ele.
Saraiva diz que, apesar dos sinais de melhora da pandemia no país, bares e restaurantes serão instruídos a manter medidas de proteção. “Os nossos maiores cuidados continuam, como a higienização do ambiente e álcool em gel, isso vamos continuar seguindo.”
Outro setor beneficiado com o decreto é o comércio paulista. Para Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, “dentro do cenário em que estamos vivendo, é uma medida bastante razoável”. A entidade abrange estabelecimentos como supermercados e lojas de vestuário e material de construção.
Ele lembra que profissionais de serviço trabalharam durante toda a crise sanitária e que houve a adoção de medidas para diminuir riscos, como proteção física dos atendentes e também o menor número de pessoas por metro quadrado.
“Vamos continuar fortalecendo e conscientizando para que as pessoas usem álcool em gel, que lavem as mãos e, se possível, que mantenham as próprias máscaras”, diz o dirigente sindical. “Se for possível, mesmo com o decreto, que se use a máscara. É uma prevenção ampliada, melhor para todos nós.”
Por meio de nota, a Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers) afirma que “seguirá as determinações das autoridades de São Paulo, tomadas com base nas orientações científicas, a respeito do fim da obrigatoriedade das máscaras”.
Para Benjamin Ribeiro da Silva, presidente do Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo), a decisão do governo paulista demorou para ser aplicada.
“A criança da escola privada já sofreu demais. O uso de máscara é totalmente impessoal, a criança não consegue usar as habilidades cognitivas direito”, afirma.
Ele diz que a entidade enviou uma carta na última semana para o secretário estadual de educação, Rossieli Soares, e para o governador solicitando a revisão dos protocolos de saúde. No documento, é citado o impacto da pandemia na alfabetização dos alunos.
“Os prejuízos são incalculáveis e, assim como tudo o que tangencia as questões de desenvolvimento humano, ainda levaremos anos para reconhecê-los em toda a sua profundidade e abrangência”, diz o sindicato na carta.
O presidente da entidade ressalta que a decisão de usar ou não máscara dentro de sala de aula ficará a cargo da família da criança, assim como de cada instituição de ensino. Alguns colégios particulares já começaram a avisar os responsáveis pelos estudantes que cada um tem autonomia de mandar a criança com ou sem a proteção facial.
O colégio Stocco, em Santo André, por exemplo, decidiu continuar recomendando o uso da máscara. No último dia 9, quando o governo estadual passou a flexibilizar a proteção facial em ambientes abertos, algumas escolas particulares não aderiram à prática.
Os colégios Equipe e Gracinha, ambos da capital paulista, por exemplo, avaliaram que não era seguro manter as crianças sem a proteção facial. Para as duas instituições, as crianças ficariam desprotegidas em situações de maior risco de contágio, que são os recreios, a entrada e a saída das aulas.
O Semesp (Sindicato dos Estabelecimentos Mantenedores do Ensino Superior Privado) afirma que ainda não há uma orientação para as instituições, mas ressalta que elas têm autonomia para decidir.
Bancos também levarão em conta as regras locais na hora de orientar clientes dentro das agências, afirma a Febraban (Federação Brasileira de Bancos). “O uso de máscaras pelos funcionários e colaboradores dos bancos seguirá a previsão da legislação trabalhista, que dispõe sobre a necessidade de medidas sanitárias nos estabelecimentos”, afirma a entidade em nota.
Já a Arquidiocese de São Paulo diz que respeita a decisão do governo paulista, mas que dará outras orientações a quem frequentar os ambientes internos das igrejas e organizações eclesiais.
A justificativa, segundo a entidade religiosa, é “para não colocar em risco a saúde das pessoas idosas, com comorbidades ou as que ainda não estão com a vacinação completa contra a Covid-19”.
“É importante que ainda se mantenham os cuidados preventivos, como a higienização das mãos, a limpeza e a ventilação dos ambientes”, afirma, em nota.
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