Empresa tem parceria com mais de 1,5 mil cooperativas em todo o país e quer se tornar referência em sustentabilidade
Uma das cooperativas apoiadas pela Tetra Pak é a Antônio da Costa Santos, no Jd. Satélite Íris, distrito do Campo Grande; elas retiram do meio ambiente, na média mensal, uma tonelada de embalagens longa vida (Rodrigo Zanotto)
Nos últimos cinco anos, de 2018 a 2022, a empresa de embalagens Tetra Pak, que inaugurou sua primeira fábrica no Brasil na cidade de Monte Mor, em 1978, recolheu e destinou para reciclagem 449,5 mil toneladas de caixinhas do modelo ‘longa vida’, aquelas que acondicionam alimentos e bebidas, em todo o país.
A diretora de Sustentabilidade da Tetra Pak Brasil e Cone Sul, Valéria Michel, afirma que o compromisso da empresa é liderar a reciclagem das embalagens longa vida no país, tornando sustentável toda a cadeia que começa no consumo de um produto embalado por uma caixa da Tetra Pak e se estende à transformação do material reciclado em algo que novamente possa ser utilizado.
Para alcançar essa meta, a estratégia da empresa começou há cerca de 25 anos, quando não existia tecnologia para reciclagem e nem cooperativa de catadores. “No passado, ninguém separava as embalagens do lixo comum. A Tetra Pak investiu na construção de uma cadeia de reciclagem”, diz Valéria.
Essa cadeia de reciclagem, explica ela, envolve, antes de tudo, o emprego de tecnologia na produção de suas embalagens, de modo a garantir que ela possa ser reciclada em escala nacional. As caixinhas da Tetra Pak são compostas de três materiais: papel (75% da embalagem), alumínio (5%) e plástico (20%). Como a maior parte da composição da embalagem é papel, o primeiro elo da cadeia de reciclagem é a indústria papeleira. Ao ser descartada pelo consumidor, a caixa longa vida é recolhida pelo catador e enviada à cooperativa de triagem. De lá, são vendidas para as indústrias que utilizam o papel reciclado na produção de um novo produto, como, por exemplo, as bandejas de ovos, explica Valéria. E, assim, o mesmo acontece com o plástico e alumínio separados da embalagem, sendo que 95% desse material é utilizado na fabricação de telhas.
Outro ponto que sustenta o projeto de liderança na reciclagem da Tetra Pak é a capacitação dos catadores, programa intitulado como Conexões e que existe há mais de 15 anos. Esse nome foi escolhido, conta Valéria, em razão do objetivo de conectar os catadores às cooperativas de reciclagem. O Projeto Conexões apoia mais de 1.500 cooperativas pelo país, sendo mapeadas e acompanhadas pela Tetra Pak. Por meio dele, os profissionais autônomos que fazem a coleta são orientados sobre como as embalagens são recicladas e lembrados que existe um mercado consumidor para elas. “Afirmo que hoje não temos falta de conhecimento, entre os catadores e as cooperativas, de que as embalagens da Tetra Pak são recicláveis. O gargalo está em chegar mais caixinhas nas cooperativas. Para isso, precisamos trazer o consumidor final para participar dessa cadeia”, afirma a diretora de Sustentabilidade. O Brasil tem mais de um milhão de catadores trabalhando. Segundo Valéria, as cooperativas retiram do meio ambiente, na média mensal, uma tonelada de embalagens longa vida.
APOIO
Além de capacitar os profissionais da cadeia de reciclagem e investir em tecnologia, garantindo que suas embalagens possam ser recicladas, a Tetra Pak oferece outros tipos de apoios às cooperativas, desde o aumento do frete até quando alguma delas não dispõe de uma balança ou de uma máquina para prensar as embalagens. Nesses casos, a empresa cede os equipamentos por meio de comodato (empréstimo para uso) por meio do projeto Estruturando Sempre, que já cedeu mais de 700 equipamentos às cooperativas.
Quanto ao preço do frete, quando o preço do diesel torna-se um complicador para que as embalagens cheguem às cooperativas, como já aconteceu em várias ocasiões, Valéria afirma que a Tetra Pak assume esse custo, porque o “compromisso da empresa é com o escoamento dos materiais, garantindo que sejam reciclados”. A diretora de Sustentabilidade acrescenta que o projeto Estruturando Sempre amplia a produtividade da cooperativa, aumenta a geração de renda e traz benefícios que ajudam na melhoria da coleta seletiva do país.
A Tetra Pak mantém consultores (profissionais de apoio em campo) que circulam por todo o país visitando essas cooperativas e identificando os problemas que existem e que possam se interpor como um obstáculo ao processo de reciclagem de suas embalagens. Segundo Valéria, ao longo dos anos, observando “as dores da cadeia de reciclagem”, a empresa se dedicou a lançar projetos para atender às cooperativas e os catadores.
INFRAESTRUTURA
A falta de infraestrutura adequada da maioria dos municípios para a coleta seletiva e a falta de orientação da população sobre a reciclagem provocaram a empresa a lançar mais projetos para atender essas necessidades. Por isso, por trás de todos os números e estratégias, há a ação voluntária de muitos anônimos, cidadãos preocupados com o lixo descartado no planeta, que param as suas atividades cotidianas dentro de suas casas para separar os materiais recicláveis que, normalmente, teriam como destino os aterros e lixões. São justamente dessas pessoas engajadas que a empresa Tetra Pak precisa para ampliar seu projeto de reciclagem, que envolve tecnologia, capacitação dos catadores e parcerias público-privadas com os municípios, já que o processo de reciclagem tem início na disposição das pessoas de separarem seu lixo.
A educação, avalia Valéria, oferece uma grande oportunidade para que a Tetra Pak amplie a capacidade de reciclagem no Brasil. Uma pesquisa feita pela empresa, em 2001, sobre tendências de sustentabilidade, apontou que mais de 80% dos participantes se preocupam com as questões ambientais, porém, desses, apenas 48% faziam coleta seletiva em casa. “Essa pesquisa nos mostrou que existe uma brecha entre a intenção, a preocupação e a atitude, por isso as nossas campanhas tentam incentivar a atitude, pois nem todos se comovem com os impactos do lixo”, reflete Valéria.
Desde 2018, a Tetra Pak vem mantendo parcerias público-privadas com os municípios por meio do projeto Recicla Cidades, que consiste em ações educacionais para engajamento ambiental nas escolas, praças, supermercados e outros lugares frequentados pela população. O objetivo do Recicla Cidades é abordar e esclarecer as pessoas sobre os benefícios da reciclagem para a comunidade, além de conscientizar a população de que o catador é um agente ambiental que trabalha para a conservação do meio ambiente e para a melhoria da cidade.
Como contrapartida do Recicla Cidades, cabe às gestões municipais a responsabilidade e compromisso de melhorar a infraestrutura de coleta seletiva por meio de políticas públicas, como a instalação de mais pontos de entrega voluntária de embalagens. “Hoje temos uma lista de cidades que nos solicitam a parceria, uma vez que o Recicla Cidades garante boa visibilidade aos prefeitos.”
Desde o início do projeto, a Tetra Pak firmou parcerias com 21 municípios. “Agora estamos trabalhando em formato de consórcios para proporcionar mais escala ao projeto e, dessa forma, conseguir atender mais cidades”, afirma Valéria.
Somente em Campinas são coletadas, em média, 850 toneladas diárias de lixo sólido domiciliar. Isso representa uma geração média de aproximadamente 0,750 quilo por dia para cada habitante da cidade. No ano passado foram geradas 303.670 toneladas de resíduos, segundo dados da Secretaria Municipal de Serviços Públicos.
Essas toneladas de lixo são encaminhadas para dois aterros sanitários privados, um localizado em Paulínia, que recebe 70% do volume, e o outro, em Indaiatuba, que recebe 7% do lixo. Os 23% restantes vão para um aterro municipal que atende apenas Santa Barbara D’Oeste, município que pertence à Região Metropolitana de Campinas (RMC), segundo a InvestSP Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade.
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