Eles ajudam pescadores artesanais a tarrafear a tainha. Interação rara acontece há mais de 200 anos em Laguna (SC).
Botos ajudam pescadores artesanais a cercar os cardumes de tainhas. Parceria pode ter mais de duzentos anos — Foto: Elvis Palma Fotografias/Arquivo Pessoal
Você tem algum grande parceiro de trabalho? No litoral sul de Santa Catarina, os pescadores artesanais não dispensam a ajuda de um “pescador” diferente. “Se o boto não tiver aqui na costa, não adianta nem tarrafear porque vai ser difícil. Só vai cansar o braço e não vai fazer nada de produtivo”, explica o pescador Wilson Francisco dos Santos, o “Safico”, que há mais de 50 anos conta com a ajuda dos animais para pescar.
O golfinho, ou boto como é chamado na cidade, nada no meio do canal, na parte mais funda onde estão as tainhas. Quando encontra os peixes cerca o cardume até a margem, onde os pescadores esperam para tarrafear.
A reportagem foi feita pela Terra da Gente, em maio de 2021, a equipe passou dias na cidade de Laguna para mostrar em detalhes uma interação única no planeta entre homens e animais.
“O boto vai, ‘aperta’ os peixes e traz pra nós. Aí, a gente joga a tarrafa. Fica mais fácil pra nós e mais fácil pra ele”, explica o pescador Juacir Francisco. O boto também se favorece da interação, fica com os peixes que escapam da tarrafa. Por isso essa pescaria é conhecida por “cooperada”
O programa também conta a história de "Safico", um pescador que há 50 anos se dedica à pesca artesanal, claro, com ajuda dos botos — Foto: Elvis Palma
Pesquisadores acreditam que essa relação pode ter começado na época em que os índios carijós ocupavam essa região do litoral Sul de Santa Catarina. “Os registros datam aí, há pelo menos 200 anos, o início desse comportamento entre botos e pescadores”, explica o pesquisador Pedro Volkmer de Castilho, professor da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e Coordenador do projeto Boto pescador.
Os botos de Laguna são da espécie golfinho nariz-de-garrafa, famosa pelos saltos que podem atingir até cinco metros fora d’água.
“Os botos de Laguna são considerados grandes. O maior bicho encontrado até hoje, tinha mais de três metros e meio. Pesava entre 500 e 550 quilos”, conta Pedro.
Fonte: Terra da Gente | G1
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