
O Brasil produz cerca de 800 milhões de pilhas comuns por ano, o que representa seis unidades por habitante. Considerando que uma única pilha leva 450 anos para se decompor e que, ao liberar metais pesados como chumbo, mercúrio, cádmio, cobre, níquel, zinco, cromo e manganês ela contamina o solo por pelo menos 50 anos, a gente já tem bons motivos para repensar o hábito de descartar sem consciência, certo?
Separando corretamente em casa
A reciclagem da pilha (assim como a de qualquer outro material) começa em casa, na hora do descarte. Primeiro é preciso saber qual é o tipo da pilha que não tem mais serventia para você.
É alcalina? Farol verde!
São aquelas utilizadas em rádios, controles remotos, gravadores, brinquedos, relógios e lanternas. Cerca de um terço das pilhas comercializadas no Brasil são alcalinas. Essas não contêm metais pesados e, então, podem ser descartadas no lixo comum.
É recarregável? Farol vermelho!
Elas possuem metais pesados e tóxicos e, portanto, não são biodegradáveis. Sendo assim, sem chances de serem descartadas no lixo comum, nem no reciclável! Esse tipo de material não pode entrar em contato com a água ou com o solo. Ao contrário, deve ser enviado ao fabricante para reaproveitamento ou descarte em espaços específicos.

Responsabilidade compartilhada
O descarte adequado das pilhas é responsabilidade dos fabricantes? Sim! Das empresas comerciantes? Também! Nossa, como consumidor? Com certeza! E esse é um assunto tão sério que existem leis no mundo inteiro para o descarte correto. No Brasil, os estabelecimentos que vendem esses produtos devem também ser postos de coleta, destinando-os para centros de reciclagem ou devolvendo-os para seus fabricantes. Ou seja, todo mundo tem um papel importante (e por que não dizer determinante) nesta cadeira de consumo.
Processo da reciclagem de pilhas
No processo de reciclagem, o primeiro passo é separar os componentes. Depois, é hora de uma lavagem para remover todos os resíduos químicos. Os resíduos plásticos e de aço são encaminhados para empresas recicladoras. As partes metálicas são enviadas para um processo de trituração. Ao final, o que resta é um pó de pH neutro, bem menos nocivo à saúde humana, que é aquecido a 1.300°C. Em seguida, acontece mais um processo de moagem que as transforma em sais e óxidos metálicos. Essas substâncias são utilizadas como pigmento que dá cor a tintas, cerâmica e também a fogos de artifício.
Infelizmente, esse procedimento é complexo, demanda um alto consumo de energia e não é nada barato: quase R$1.000 para 1 tonelada. Isso explica o porquê de apenas 1% das unidades vendidas serem recicladas.

Para durar mais
Ao minimizar a exposição às condições que aceleram a degradação, as baterias podem durar mais. E isso tem um impacto ambiental positivo, já que a produção desses materiais é uma fonte de emissões de gases de efeito estufa e muitos outros poluentes. Veja o que fazer e o que não fazer:
Não perfure ou danifique as pilhas. Isso pode resultar em vazamento ou ruptura.
Não as deixe em contato com objetos de metal como moedas, clipes de papel etc. Isso pode causar curtos-circuitos.
Não misture novas com velhas, nem tipos ou marcas diferentes.
Mantenha-as longe de água, crianças e pets.
Não as armazene em locais muito quentes ou úmidos. As pilhas alcalinas, por exemplo, duram mais tempo se forem colocadas em locais com temperaturas, em torno de 21° C.
É importante não guardá-las sem uso por muito tempo, pois elas sofrem reações químicas mesmo quando armazenadas em gavetas limpas e secas.
Use um pedaço de pano ou uma borracha para limpar os polos positivo e negativo da pilha.
Além de proteger sua saúde e a do meio ambiente, a reciclagem também ajuda a extrair as matérias-primas que serão usadas na fabricação de novas pilhas, reduzindo os custos, conservando recursos e contribuindo para a economia circular. Aqui você só tem um trabalho: o de levá-las ao posto de coleta mais próximo. Mas esse é o de menos, né?
Fontes: Mundo Estranho | Ministério do Meio Ambiente | VG Residuos | Energizer | Magazine Luiza | Dinâmica Ambiental
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